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Colheita brasileira da soja é oficialmente aberta em Mato Grosso

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O ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, pilotou uma das colheitadeiras, em ato que marcou a abertura dos trabalhos pelo país

Daniel Popov, de São Paulo
Foi aberta oficialmente a colheita da safra de soja 2017/2018 do Brasil. Durante a Abertura Nacional da Colheita, promovida pelo Projeto Soja Brasil nesta sexta-feira, dia 19, no município de Canarana (MT), o público pôde acompanhar discussões importantes sobre a relação entre a produtividade e a rentabilidade, técnicas de manejo e a necessidade de se alterar a lei de defensivos agrícolas. A perspectiva da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que o Brasil colha 110 milhões de toneladas, montante parecido com as estimativas das principais consultorias do país.

O clima em Canarana era de pura festa. A descontração entre os convidados, palestrantes e autoridades dava o tom da expectativa a respeito da safra que começa a ser colhida. A emoção tomou a platéia quando o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, não segurou as lágrimas ao ouvir o presidente do Canal Rural, Julio Cargnino, falar sobre os feitos que sua entidade realizou no setor da soja e a importância de Canarana (cidade onde Da Rosa possui propriedade) para o estado de Mato Grosso.

“Temos de ressaltar a importância do trabalho realizado pelo Canal Rural, que é parceiro da Aprosoja Brasil na tarefa de disseminar informações aos produtores. Me emociono ao perceber que nosso trabalho não é em vão, que estamos ajudando muita gente e que vamos continuar lutando pelo nosso setor”, diz Da Rosa.

Também presente na cerimônia, o ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, disse que criar políticas que garantam a renda mínima para o produtor é uma obrigação do Mapa, e que continuarão lutando para que o setor cresça rapidamente. “O governo tem a obrigação de estimular e fomentar o crescimento do setor. E por isso estamos mais próximos ao setor com o programa Agro Mais”, diz Novacki.

A tradicional chuva de soja aconteceu mais uma vez e contou com um espetáculo dos maquinários que fizeram a colheita. Pilotando umas das colheitadeiras, Novacki e outras autoridades fizeram a retirada simbólica da oleaginosa do campo. Os produtores que acompanharam as palestras se juntaram à beira do campo experimental para aplaudir e comemorar o início dos trabalhos.

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Biotecnologia

O evento teve início às 9h30, com a primeira palestra do dia. Adriana Brondani, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), reiterou que 94% das lavouras brasileiras de soja fazem uso de biotecnologia, o que é bom. Entretanto, em uma pesquisa também realizada pelo conselho, destacou que 7 em cada 10 produtores acreditam que as biotecnologias estão perdendo sua eficiência. A razão? Falta de manejo adequado, responderam os próprios agricultores, que também confessaram não fazer nem sequer o refúgio.

“O Brasil é o segundo país que mais adota biotecnologia no mundo. Temos variedades altamente adaptadas a todas as regiões do Brasil, e isso ajudou no desenvolvimento e avanço da cultura da soja no Brasil”, diz Brondani. “Precisamos que todos trabalhem na preservação das tecnologias para que elas sigam ajudando no campo.”

Na sequência, quem assumiu o púlpito foi o comentarista e consultor do Canal Rural Dejalma Zimmer, que apresentou a palestra “Como colher mais sem aumentar os custos de produção”. Segundo ele, enquanto boa parte dos produtores do país consegue elevar suas produtividade anualmente, cerca de 40% ainda não consegue colher nem as 50 sacas médias por temporada.

“Alguns pontos importantes estão ao alcance de todos e podem mudar essa realidade sem elevar seus custos de produção. Os sojicultores precisam treinar melhor suas equipes, regular corretamente as máquinas, observar e respeitar a janela de semeadura ideal, escolher a variedade adequada e optar por um manejo específico para sua área, com análise de nutrientes de solo e recomposição com adubação”, ressalta ele.

Complementando as observações de Zimmer, o engenheiro agrônomo Antônio Luís Santi destacou a importância da agricultura de precisão durante sua palestra. Para ele, a grande diferença entre o produtor que usa a tecnologia e o que não usa é que o primeiro possui informação e saberá tomar a decisão certa no momento adequado.

“A ideia da agricultura de precisão é detectar onde estão os gargalos para alcançar as altas produtividades e a redução de custos. Temos que fazer o dever de casa e entender por que não temos estabilidade na produção da fazenda. Temos condições de aumentar nossa produtividade, basta fazer o manejo correto e análise adequada das informações”, diz Santi.

Rochagem

Já o geólogo e pesquisador da Embrapa Éder Martins trouxe mais um vez sua pesquisa sobre o uso da rochagem no manejo da soja. Essa técnica é definida como a prática da aplicação direta de rochas moídas no solo, com a finalidade de manejar a fertilidade e fornecer nutrientes para as plantas. “A rochagem não vem para substituir os fertilizantes, mas para complementar, reduzindo os custos”, defende Martins.

“As rochas têm um teor de nutrientes baixo, um exemplo é o potássio, que na média possui apenas 10% de óxido de potássio, ou seja, precisamos de mais pó para compensar isso”, frisa ele. “A vantagem é que esse pó fica na terra e não é levado junto com a água de chuva, como os fertilizantes químicos.”

Ainda falando sobre insumos, o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, trouxe uma importante discussão sobre a necessidade de mudança na lei dos defensivos agrícolas. Ele explica que atualmente o Brasil demora 7,5 anos para analisar e aprovar um novo defensivo e que muitas vezes o produto não é o mais importante para o setor, frente outras demandas.

“Queremos modificar a prioridade de análise de determinados produtos que estão na fila, como os contra a helicoverpa, mosca-branca e tantos outros, que são necessários para garantir a segurança vegetal. Criar um status de emergência, como o benzoato, que precisou de um decreto”, diz Fabrício.

O executivo ressaltou também uma série de informações erradas a respeito dos defensivos que atrapalham o entendimento geral da população e listou uma série de mitos sobre o caso. “Um dos mitos é que os defensivos são cada vez mais tóxicos para o ser humano. Isso não é verdade, nos últimos 50 anos esses insumos perderam 160 vezes o seu grau de toxicidade aguda em humanos e meio ambiente. Tudo graças à evolução da tecnologia, que ficou mais seletiva e atinge apenas a praga alvo”, ressalta.

Diante das palestras e demandas levantadas pelos produtores, o ministro interino da Agricultura destacou que o Mapa irá estudar as reivindicações e tentar agilizar os processos. “Muitos dos problemas ressaltados neste evento serão avaliados pelo ministério para tentar melhorar os processos, sem burocratização”, finalizou Novacki.

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